Uma importante colaboração está sendo estabelecida entre a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Nacional e a Câmara dos Deputados, visando garantir que nenhuma vítima de violência fique sem o devido apoio jurídico. O foco dessa parceria é a ampliação e qualificação da assistência jurídica para mulheres que vivenciam situações de violência doméstica, familiar e sexual.

O presidente do Conselho Federal da OAB, Beto Simonetti, e a secretária-geral, Rose Morais, reuniram-se na quinta-feira (16/10) com a deputada federal Soraya Santos (PL-RJ) para dar andamento às discussões.

Compromisso com a proteção e a justiça social

Para Beto Simonetti, presidente da OAB, a iniciativa representa “um passo civilizatório na proteção das vítimas e na valorização da advocacia como instrumento de justiça social”. Ele assegurou que a OAB atuará em conjunto com o Parlamento na elaboração de políticas públicas que promovam “acolhimento, dignidade e acesso efetivo à Justiça a quem mais precisa”.

Rose Morais, secretária-geral da OAB, enfatizou que a proposta reforça o papel transformador da advocacia na promoção de direitos. “Nosso compromisso é fazer com que o acesso à Justiça seja real, especialmente para as mulheres que enfrentam a violência. Isso significa garantir que elas tenham acolhimento jurídico desde o primeiro momento e que a advocacia seja reconhecida como parte essencial dessa rede de proteção”, declarou.

Detalhes da proposta de alteração legislativa

No encontro, a deputada Soraya Santos apresentou a minuta de um projeto de lei que tem como objetivo alterar o Código de Processo Penal. A mudança visa assegurar o direito à assistência jurídica especializada às vítimas desde o início da investigação até a conclusão do processo.

A proposta prevê que a vítima possa ser representada por um advogado particular ou pela Defensoria Pública. Esses profissionais teriam poderes para atuar ativamente, participando de audiências, apresentando provas e recorrendo de decisões, sem a necessidade da habilitação tradicional como assistente de acusação.

Criação do Fundo e gestão transparente

O texto legislativo também sugere a criação do Fundo de Assistência Jurídica às Vítimas. Este Fundo, de natureza pública e privada, seria destinado a custear os honorários dos advogados que atuarem na defesa das vítimas de violência.

Para garantir transparência e uma boa administração dos recursos, está prevista a formação de um Conselho Gestor. Este Conselho será composto por representantes de importantes órgãos: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), a Advocacia-Geral da União (AGU), a OAB e as Procuradorias da Mulher da Câmara e do Senado.

Responsabilidades da OAB no projeto

A OAB terá um papel fundamental na operacionalização dessa assistência. Caberá à instituição:

  • Instituir uma Tabela de Honorários Social, garantindo remuneração justa aos advogados que aderirem ao programa.
  • Criar um Cadastro Nacional de Advogados Dativos, reunindo os profissionais credenciados para atuar nos casos de violência.

A minuta do projeto de lei será agora aprimorada com as sugestões discutidas e, em seguida, apresentada oficialmente para tramitação.

Share.
Leave A Reply