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Foto: PC / CP

A prisão preventiva de um servidor público em Canoas, investigado por uma série de crimes graves, lança luz sobre um esquema de falsidade ideológica e estelionato que lesou dezenas de pessoas. O caso, que ganhou notoriedade na região, envolve um homem que, aproveitando-se de sua posição e de relações de confiança, se fez passar por advogado para aplicar golpes financeiros. A audácia do suspeito e a vulnerabilidade das vítimas revelam a necessidade de vigilância e cautela redobradas ao contratar serviços jurídicos.

A investigação, conduzida pela polícia civil, aponta que o indivíduo, que ocupa uma função na Prefeitura de Canoas e integra a diretoria de sua associação de classe, utilizava sua influência para atrair vítimas. Ele criou um grupo de comunicação virtual com colegas, familiares e outros servidores, onde se apresentava como um advogado devidamente habilitado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB). Sua oferta de serviços se concentrava em ações judiciais de levantamento de valores do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), um tema de interesse comum e que, por sua natureza, atrai a atenção de muitos trabalhadores.

O golpe, em sua mecânica, era simples, mas eficaz. De acordo com a delegada responsável pelo caso, Luciane Bertoletti, o suspeito cobrava valores que variavam entre R$ 600 e R$ 1.000 para supostamente dar entrada nas ações. No entanto, o prometido ajuizamento nunca acontecia. As vítimas, após efetuarem o pagamento, eram deixadas no escuro, sem informações sobre o andamento dos processos. O golpista utilizava de desculpas genéricas e evasivas para justificar a falta de progresso, protelando a situação e se esquivando das cobranças.

A situação se tornou insustentável quando a pressão das vítimas aumentou. Em um ato de desespero e para tentar conter a insatisfação, o servidor chegou a divulgar uma nota pública, com uma assinatura forjada de um desembargador, prometendo a devolução dos valores. Uma tática de dissimulação que não apenas demonstra a gravidade de seus atos, mas também a frieza com que tratava suas vítimas. Obviamente, a prometida restituição nunca ocorreu, solidificando as evidências de seu esquema fraudulento.

A prisão do suspeito, realizada de forma preventiva, foi acompanhada por mandados de busca e apreensão em suas residências. A polícia recolheu uma série de documentos e aparelhos eletrônicos, que agora serão analisados em busca de mais evidências e para identificar outras possíveis vítimas e cúmplices. A delegada Luciane Bertoletti enfatizou a importância de a população sempre verificar as credenciais profissionais de quem se oferece para prestar serviços jurídicos, uma medida simples que pode prevenir prejuízos financeiros e emocionais significativos. A OAB, por sua vez, mantém registros públicos que podem ser consultados por qualquer cidadão para confirmar a regularidade da inscrição de um profissional.

Este caso serve como um lembrete severo de que a confiança, embora essencial nas relações humanas, não deve substituir a devida diligência. A facilidade com que um servidor público, em uma posição de respeito e autoridade, conseguiu explorar a confiança de seus colegas e familiares para um ganho ilícito, ressalta a importância de mecanismos de verificação e da busca por fontes confiáveis. As investigações continuam em andamento, e a polícia trabalha para desvendar a totalidade do esquema, visando responsabilizar o criminoso e, na medida do possível, reparar o dano causado às dezenas de pessoas afetadas por este ardiloso golpe.

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