
A tensão crescente entre Brasil e Estados Unidos está redesenhando o panorama da advocacia empresarial brasileira. Com tarifas elevadas que impactam exportações, sobretudo de setores estratégicos, escritórios jurídicos vêm se adaptando rapidamente. A seguir, descubra como essas mudanças estão influenciando o papel dos advogados corporativos e quais são as novas prioridades do mercado.
As tarifas implementadas pelo governo dos EUA colocaram em risco a competitividade de empresas brasileiras exportadoras. Isso trouxe uma onda de custos elevados e pressões para revisão de contratos internacionais, logística, política cambial e acordos comerciais. Nesse contexto, o papel do advogado deixa de ser apenas reativo para se tornar proativo, antecipando riscos e propondo soluções estratégicas.
Frente às barreiras impostas pelos EUA, muitas empresas começaram a explorar novos mercados fora da rota tradicional. O foco passou a ser a América Latina, Ásia e União Europeia. Advogados empresariais passaram a orientar sobre compliance internacional e estruturação societária em regiões com regulação menos volátil, além de facilitar parcerias locais e joint ventures para sustentar os negócios.
Escritórios de advocacia estão redefinindo serviços para acompanhar essas mudanças. A estratégia passa por:
• Adoção de tecnologia jurídica para análise de contratos, due diligence automatizada e gestão de riscos;
• Implantação de ferramentas de governança e compliance que garantam conformidade com normas estrangeiras;
• Atuação em arbitragem internacional, cláusulas de hardship e mecanismos de solução de controvérsias previstos em tratados multilaterais;
• Criação de roteiros jurídicos customizados para cada setor afetado pelas tarifas.
Para se manter relevante, o setor jurídico empresarial passou a apostar na inovação e na parceria multidisciplinar. Em vez de trabalhar isoladamente, os advogados colaboram com consultores de comércio exterior, especialistas em logística internacional e economistas para antecipar cenários geopolíticos e recomendar respostas jurídicas alinhadas às estratégias de negócio das empresas.
Além da reorganização frente às tarifas, a advocacia empresarial também responde à crescente demanda por práticas ESG. Por isso, passou a incorporar políticas de sustentabilidade, combate à corrupção e responsabilidade social em seus serviços, garantindo que as empresas possam operar globalmente com integridade e reputação sólida.
O contexto desafiador reforçou a importância de escritórios estreitarem vínculos com redes e associações jurídicas, fomentando intercâmbio de experiência em regulatórios internacionais e regimes comerciais. Também vem ganhando força alternativa consensual na resolução de conflitos, valorizada pela ratificação da Convenção de Singapura e pelo uso crescente da arbitragem internacional.